O banco Santander obteve no Brasil um lucro líquido gerencial de R$ 4,012 bilhões no primeiro trimestre de 2021. O valor é 4,1% maior do que o obtido no mesmo período em 2020 e 1,4% maior do que o obtido no trimestre passado. É o maior lucro trimestral do banco desde o segundo trimestre de 2010.

“Chega a ser assustador! O país vive uma crise sanitária que está deixando nossa economia em frangalhos, mas o Santander, que já havia lucrado quase R$ 14 bi em 2020, continua aumentando seus lucros”, observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia. “E, analisando os dados do balanço, vemos que esse crescimento é impulsionado não apenas pelas extremamente lucrativas operações financeiras, mas também pelo aumento das receitas de taxas e tarifas cobradas de seus clientes e do arrocho aos funcionários”, completou.

Mais-valia

A receita do banco com a cobrança pela prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 8,3% em doze meses, totalizando R$ 4,9 bilhões. Os gastos totais com os funcionários tiveram uma queda de 4,4% no ano.

“O que o banco arrancou de seus clientes com a cobrança pelos serviços realizados daria para pagar mais do que duas vezes as despesas que tem com quem realiza os serviços. É o típico exemplo da exploração do trabalho humano”, explicou Mario Raia.

As despesas do banco com os funcionários somaram R$ 2,2 bilhões. Os R$ 4,9 bilhões arrecadados com a cobrança de serviços e tarifas é 215,74% maior do que os gastos com funcionários.

Uma das formas encontradas pelo banco para reduzir as despesas de pessoal é diminuir o quadro de funcionários. A holding encerrou o primeiro trimestre de 2021 com 44.806 empregados, 2.386 postos de trabalho a menos do que o banco tinha há 12 meses. No período também foram fechadas 140 agências e 91 Postos de Atendimento Bancário.

“O banco lucra ainda mais com a redução do número de funcionários e de agências. Mas, o trabalhador e a população sofrem as consequências com a sobrecarga de trabalho, o adoecimento, a dificuldade para se encontrar uma agência e as longas filas para o atendimento.

Carteira

A Carteira de Crédito Ampliada do banco, no país, teve alta de 7,4% em doze meses, atingindo R$ 497,6 bilhões (alta de 11,4% desconsiderando o efeito da variação cambial). As operações com pessoas físicas cresceram 13,4% em doze meses, chegando a R$ 178,4 bilhões, com crescimento em todas as linhas e impulsionadas por Veículos/Leasing (+27,5%) e pelo crédito imobiliário (+23,2%). A Carteira de Financiamento ao Consumo, originada fora da rede de agências, somou R$ 61,1 bilhões, com alta de 3,4% em relação a março de 2020. Do total desta carteira, R$ 51,8 bilhões (ou 84,7% da carteira) referem-se aos financiamentos de veículos para pessoa física, apresentando aumento de 4,1% no período. O crédito para pessoa jurídica cresceu 14,3% em doze meses, alcançando R$ 185,3 bilhões. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 28,4%, e o de grandes empresas cresceu 9,2%. O Índice de Inadimplência Total superior a 90 dias, incluindo Pessoa Física e Pessoa Jurídica, ficou em 2,1%, com queda de 0,9 pontos percentuais em comparação ao primeiro trimestre de 2020. Já as despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) foram reduzidas em 5,8%, totalizando R$ 3,4 bilhões.

Rentabilidade

Tudo isso garantiu ao banco uma rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado –ROE) de 20,9% no Brasil e levasse o país a responder por 21% do lucro mundial do Santander, que chegou aos € 2,138 bilhões, valor 385,8% maior do que obtido no primeiro trimestre de 2020.

Veja abaixo a tabela resumo dos números apresentados pelo banco ou, se preferir, leia a íntegra da análise feitas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

 

Fonte: Contraf



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